segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Argentina não consegue se desvencilhar do passado

A Seleção Argentina se vê constantemente em busca de uma identidade. Mais do que isso, nos últimos anos a mudança de direção no comando tem sido alarmante para os rumos do futebol do país. Assim, assume o ex-treinador do Estudiantes, Alejandro Sabella. Sem querer, a AFA e Julio Grondona acertam no comandante. Os outros nomes cotados eram do ex-treinador multicampeão pelo Boca, Carlos Bianchi, e de Gerardo Martino, que comandou o Paraguai no último Mundial.

Na definição do novo nome, as mesmas caras de sempre: Grondona, Maradona, Menotti e Bilardo. Esse é o grande problema. A Argentina não consegue se desprender de quem já escreveu seu nome no passado. Para demonstrar que o país não se desvincula do passado, podemos dar o noticiário do futebol argentino como exemplo. Consultado sobre a possibilidade de Verón ser manager da seleção, Alfio Basile afirmou que La Brujita deveria estar jogando no time, e não como dirigente. No River, foi negado à torcida pela enésima vez a volta de Ariel Ortega. O Boca também continua insistindo em Riquelme, mesmo que os resultados provem que o melhor seria deixar o problemático meia ir embora. Em toda definição de treinador é lei ouvir o voto dos dois comandantes das Copas de 78 e 86, em que o país se sagrou campeão.

Sabella parece ser de uma terceira via. Não obedece os paradigmas futebolísticos de Menotti e nem de Bilardo. Entretanto, será tarefa dele ser político e saber lidar com os cardeais do futebol cisplatino, assim como El Dios e a AFA. O treinador deverá resgatar o trabalho que foi feito até o ano de 2006, quando a seleção caiu de pé diante de uma Alemanha em casa. De lá para cá, o país se perdeu totalmente. Nas últimas eliminatórias, atletas medíocres como Sebá Dominguez, Jonás Gutierrez, Jesús Dátolo e Emiliano Papa foram levados pela primeira vez à blanquiceleste. Jovens como Nicolás Otamendi e Javier Pastore foram lançados às feras sem cuidado nenhum.

O bom trabalho realizado nas seleções de base do final da década de 90 até as Olimpíadas de Pequim, em 2008, revelou um grande número de atletas que hoje integram o time principal. Com esses jogadores será possível montar uma equipe talentosa sem que a falência dos clubes argentinos interfira, pelo menos por enquanto. Pedir para Sabella resolver o problema do futebol argentino é muito, mas ele pode minimizar e devolver um pouco de orgulho para o país. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário