A Seleção Argentina se vê constantemente em busca
de uma identidade. Mais do que isso, nos últimos anos a mudança de direção no
comando tem sido alarmante para os rumos do futebol do país. Assim, assume o
ex-treinador do Estudiantes, Alejandro Sabella. Sem querer, a AFA e Julio
Grondona acertam no comandante. Os outros nomes cotados eram do ex-treinador
multicampeão pelo Boca, Carlos Bianchi, e de Gerardo Martino, que comandou o
Paraguai no último Mundial.
Na definição do novo nome, as mesmas caras de
sempre: Grondona, Maradona, Menotti e Bilardo. Esse é o grande problema. A
Argentina não consegue se desprender de quem já escreveu seu nome no passado.
Para demonstrar que o país não se desvincula do passado, podemos dar o noticiário
do futebol argentino como exemplo. Consultado sobre a possibilidade de Verón
ser manager da
seleção, Alfio Basile afirmou que La Brujita deveria estar jogando no time, e
não como dirigente. No River, foi negado à torcida pela enésima vez a volta de Ariel
Ortega. O Boca também continua insistindo em Riquelme, mesmo que os resultados
provem que o melhor seria deixar o problemático meia ir embora. Em toda
definição de treinador é lei ouvir o voto dos dois comandantes das Copas de 78
e 86, em que o país se sagrou campeão.
Sabella parece ser de uma terceira via. Não
obedece os paradigmas futebolísticos de Menotti e nem de Bilardo. Entretanto,
será tarefa dele ser político e saber lidar com os cardeais do futebol
cisplatino, assim como El Dios e a AFA. O treinador deverá resgatar o trabalho
que foi feito até o ano de 2006, quando a seleção caiu de pé diante de uma
Alemanha em casa. De lá para cá, o país se perdeu totalmente. Nas últimas
eliminatórias, atletas medíocres como Sebá Dominguez, Jonás Gutierrez, Jesús
Dátolo e Emiliano Papa foram levados pela primeira vez à blanquiceleste. Jovens
como Nicolás Otamendi e Javier Pastore foram lançados às feras sem cuidado
nenhum.
O bom trabalho realizado nas seleções de base do
final da década de 90 até as Olimpíadas de Pequim, em 2008, revelou um grande
número de atletas que hoje integram o time principal. Com esses jogadores será
possível montar uma equipe talentosa sem que a falência dos clubes argentinos
interfira, pelo menos por enquanto. Pedir para Sabella resolver o problema
do futebol argentino é muito, mas ele pode minimizar e devolver um pouco de
orgulho para o país.